eras em transição
peixe_aquário
se eu soubesse quem tu eras
era
uma
vez
uma menina que adorava desenhar
passava horas e horas a fio
criando entre traços e linhas
tirando de dentro para fora
um belo dia
encontrou um mapa
com traços precisos
fronteiras sem borrões
quadros e mais quadros
de artistas renomados
e como seu nome era bárbaro
entendeu ali
que Bárbara é
a menina se viu mapa
aprendeu que mapa mapeia
mapa é lugar certo
e na certeza de ser certa
de que cada coisa tem seu lugar fixo
seguiu mapeando seu todo entorno
em partes
um belo dia
viu seu nome se desfazer
em barbáries e barbarices
explodiu e jorrou
jorrou
para além partes
no borrão do gesto
na ânsia de partes serem inteiras
queimou tudo
como se mapas queimados não existissem mais
entre ser ou não ser
parou na ponte entre
e
desistiu
e teimou em jorrar
e teimou em mapear jorros
e teimou em olhar as palavras e as não palavras
até inundar
e trans_bordar
trans_forma
descabeu
coube o breu
ficou ali
acuada
no resíduo
vazio
cara a cara
com frio
e ventou
ventou
sentiu o vento da travessia
dançou chorando gargalhadas
dores de mins despedaçados
que fiava histórias sem fins
ponte é passagem
e de passagem começou a tecer
do princípio
imagens
sons
cores
sabores
e
o que mais senti_via
.
.
.